Corrupção no desporto


Publicado em: O Gaiense, 22 de Dezembro de 2012



Para a hipótese improvável de haver leitores de um jornal que se publica no dia a seguir ao fim do mundo, gostaria de vos falar de corrupção no desporto. Não dos últimos desenvolvimentos do caso do ex-inspector da Judiciária feito dirigente leonino para se manter ligado ao mundo do crime de forma mais rentável, nem da condenação do Nápoles e de alguns dos seus jogadores por manipulação de resultados pagos pelas empresas de apostas, mas sim a propósito de uma interessante audição sobre este assunto em que participei esta semana no Parlamento Europeu.

Os convidados não tiveram papas na língua, nomeadamente o representante da Europol, que nos deu notícia da luta contra a crescente manipulação de eventos desportivos motivados pelas apostas, ou o director do Instituto Dinamarquês de Estudos do Desporto, que falou da dificuldade de encontrar a única solução para os problemas de abuso e corrupção: lideranças honestas, eficientes e democráticas. E deu abundantes exemplos.

Lembrou que a FIFA está sob observação após tribunais e jornalistas terem provado que vários dos seus líderes receberam ilegalmente vultuosas somas relacionadas com a venda de direitos comerciais e de transmissão televisiva, embora ainda falte revelar os receptores de 90% do valor das luvas confirmadamente pagas. Na opinião do conferencista, uma verdadeira reforma da FIFA é impossível sem afastar o seu presidente, que desenvolveu e protegeu o actual sistema de corrupção.

Mas o futebol não tem o exclusivo da corrupção. O orador lembrou os casos do Comité Olímpico Internacional e das prolongadas lideranças da rica Federação Internacional de Voleibol pelo mexicano Ruben Acosta, com um desfalque documentado de 33 milhões de dólares, e da Federação Internacional de Andebol, onde mais de 1 milhão de euros de irregularidades já foram atribuídas ao seu presidente, o egípcio Hassan Moustafa.

Curiosamente, o orador da UEFA faltou ao debate...

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