ANA - Aéroports du Portugal



Publicado em: O Gaiense, 29 de Dezembro de 2012


Quando acabarem as férias de Natal e regressar a Bruxelas, vou apanhar o avião no aeroporto francês de Pedras Rubras (Pierres Rouges), antes chamado de Francisco Sá Carneiro, mas que poderá ser rebatizado de Georges Pompidou, Cardeal Richelieu ou coisa parecida. O país está a mudar de mãos a grande velocidade por acção metodicamente programada e profissionalmente executada por uma comissão liquidatária nacional instalada nas traseiras do Palácio de S. Bento.

Porém, quando voar da Bélgica, de França ou da Alemanha com destino Portugal, partirei seguramente de aeroportos belgas, franceses ou alemães, que por lá ninguém ousou a ideia peregrina de vender os aeroportos nacionais a empresas privadas de outro país.

Por acaso, os franceses da Vinci - que, em nome da livre concorrência, passarão a deter o monopólio sem concorrência de todos os nossos aeroportos, - já eram donos, entre outras coisas, de 37% da Lusoponte, empresa que gere as pontes 25 de Abril e Vasco da Gama, porque as pontes já tinham também sido consideradas bens tão transaccionáveis como as melancias ou os automóveis em segunda mão. Tudo bate certo, num país onde até os postes de alta tensão e os cabos eléctricos que atravessam o país agora são dos chineses. A seguir serão os correios, o transporte ferroviário de mercadorias, e até a água que bebemos, embora não conste que vá passar a ser captada em rios franceses.

Contudo, o meu pensamento solidário vai, neste momento difícil, para as inquietas mães de Passos Coelho e de Vítor Gaspar. Porque os seus filhos parecem, a cada dia que passa, mais disponíveis para vender a própria mãe na sequência de uma qualquer avaliação da troika.

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