Estranha leitura de férias




Publicado em: O Gaiense, 18 de Agosto de 2012

Em Agosto, para sublinhar a liberdade absoluta das férias, gosto de passear os olhos pelas prateleiras da biblioteca e levar para o jardim um livro daqueles que em dias normais nunca leria. Assim percorri deliciado as 142 páginas do Programa do PPD (hoje PPD/PSD), aprovado no seu 1º Congresso, em 1974, de que aqui vos deixo, sem comentários, algumas frases soltas, para meditação estival:

"O capitalismo multiplicou por toda a parte as desigualdades, a dependência económica e política, a alienação e a desagregação sociais. O sistema económico baseado no lucro revelou-se incapaz de assegurar o pleno emprego sem intervenção correctora da comunidade social."

"É indispensável assegurar uma justa repartição dos rendimentos, com adequadas políticas fiscal e de salários; uma justa repartição da riqueza, lutando contra a sua acumulação e limitando a sua transmissão gratuita; uma repartição do poder económico mediante controlo do Estado, sindicalismo forte e introdução da co-gestão dos trabalhadores nas empresas."

"A fim de diminuir e eliminar progressivamente a concentração da riqueza deverá ser criado um imposto anual sobre a riqueza, incluindo a não produtiva, quando exceda determinados montantes.
Nas empresas, deve proceder-se progressivamente à atribuição aos trabalhadores de parte dos lucros, assegurando-lhes uma efectiva participação no capital."

"O PPD propõe a garantia do poder de compra dos salários através da sua indexação relativa ao custo de vida, de forma a defendê-los contra a inflação."

"Do ponto de vista regional e dentro do critério de que o social prima sobre o económico, atender-se-á mais ao bem-estar de cada comunidade do que a uma imediata reprodutividade económica. Esta linha impõe-se principalmente no que respeita à electrificação das regiões rurais, à rede de estabelecimentos de saúde e de escolas nas comunidades mais abandonadas, e à rede de comunicações nas áreas mais isoladas."

"O sector da energia — decisivo para o êxito da política industrial — deverá ser fortemente integrado, vertical e horizontalmente, em grandes empresas nacionalizadas ou com forte predomínio do Estado."

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