No Dia da Pátria Galega

25 de Julho de 2009 - Comemorações em Santiago de Compostela



Publicado em: O Gaiense, 1 de Agosto de 2009

Este ano, mais uma vez, participei numa delegação portuguesa ao Dia da Pátria Galega e pude testemunhar o imenso amor que a Galiza nutre por Portugal. O cuidado com que tentam preservar e desenvolver o nosso património linguístico comum. E aquela ponta de inveja por aquilo que conseguimos em 1143: o reconhecimento da independência face a Leão e Castela, que teimosamente restaurámos em 1640, defenestrando o representante de Madrid.

A 25 de Julho, os nossos irmãos galegos celebram em Santiago de Compostela o dia da sua nação. É uma festa cujas origens se perdem na memória dos tempos e à qual o cristianismo sobrepôs a festa do apóstolo Santiago.

Mas a celebração com o seu carácter actual remonta apenas ao século XX, tendo sido decidida em 1919 pelas Irmandades da Fala, começando a celebrar-se no ano seguinte. Desde então, passou por várias fases. O franquismo tratou de a proibir, como tentou aniquilar a língua, havendo anos em que pouco mais se podia fazer do que uma missa celebrada em galego, na igreja de São Domingos de Bonaval, em memória de Rosalía de Castro, a grande escritora galega que o Porto celebrou com uma escultura na praça da Galiza. Anos houve em que se realizaram corajosas manifestações não autorizadas, reprimidas pela polícia. Este dia só viria a ser reconhecido como festa oficial na democracia, em 1979.

Para além de inúmeras iniciativas culturais, em que se destacam as letras, a música e a gastronomia, o ponto alto é o desfile, que há décadas faz o mesmo percurso: parte da Alameda, percorre o “casco velho” e aflui na praça da Quintana onde, perante uma compacta multidão, se fazem os discursos numa língua que é de todos nós que a falamos, dos dois lados do rio Minho e dos dois lados do Atlântico. Porque, como dizia Castelao, figura cimeira da cultura nacional galega do início do século XX: “As palavras, como os pássaros, voam sobre as fronteiras políticas”.




Com Ana Miranda (BNG) e Luís e Céu Fazenda

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