No nosso tempo não era nada disto...



Publicado em: O Gaiense, 6 de Junho de 2009

... parecem dizer, indignados, alguns velhos socialistas europeus. Considerados pelos seus pares como respeitáveis senadores, oito ex-presidentes e ex-primeiros ministros, incluindo algumas das mais carismáticas figuras desta corrente, como Mário Soares, Felipe Gonzalez, Lionel Jospin e Gerhard Schroeder, vieram a público, com todo o peso e autoridade da sua opinião, constatar que o socialismo, na Europa, já não é o que era.

Num manifesto publicado nos últimos dias da campanha eleitoral, lamentam uma certa atitude de capitulação dos seus sucessores à frente dos partidos e dos governos afectos ao Partido Socialista Europeu.

Não compreendem que, em plena crise, quando estamos perante a necessidade de “escolhas históricas” que podem fazer a diferença entre uma “depressão com desemprego em massa” ou “um novo modelo de crescimento com desenvolvimento sustentável e justiça social”, os actuais dirigentes socialistas tenham optado por reiterar o apoio às políticas europeias que conduziram à desastrosa situação actual.

Defendem que o natural seria a apresentação de uma alternativa política e de uma candidatura à presidência da Comissão Europeia que a corporizasse. Não se revêm na decisão continuista de Sócrates, Zapatero e Gordon Brown, que Mário Soares considerou mesmo "um suicídio político".

Mas as ideias, essas, não se suicidam. Um dos motes do nosso tempo é “reciclar”. Reciclar é começar um novo ciclo. Comecemos, pois. No próximo domingo, só se suicida quem quer.

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