Eu voto



Publicado em: O Gaiense, 30 de Maio de 2009

As eleições europeias estão à porta e é prevista uma enorme taxa de abstenção. As razões dessa abstenção são muitas e não cabem nesta crónica. Apesar da validade de algumas delas, desde já declaro: eu voto. Como voto também nas eleições nacionais.

O direito a votar livremente em sufrágios directos e universais foi, no nosso país, difícil de conseguir. Foi preciso fazer uma revolução e derrubar um regime poderoso que nos bloqueou durante décadas esse direito. É algo de precioso que devemos valorizar, acarinhar, desenvolver.

Mas talvez seja bom lembrar que, na segunda metade da década de 70, já por cá se elegia livremente o nosso parlamento e ainda na democrática Europa não nos era permitido eleger o Parlamento Europeu, apesar de essa possibilidade ter sido inscrita, logo em 1951, no texto do primeiro Tratado europeu.

Foi preciso batalhar mais de um quarto de século para que a razão do sufrágio directo e universal vencesse as razões de conveniência política e este fosse admitido na eleição dos eurodeputados, pela primeira vez, em 1979.



Na Europa, como em Portugal, este direito fundamental foi difícil de conseguir. Se mais não fosse, iria votar em homenagem a todos os que, ao longo desses anos de construção europeia, se bateram para que hoje todos tivéssemos a possibilidade de decidir. E para dizer àqueles que continuam apostados em afastar o voto cidadão das grandes decisões que marcam o destino da Europa, que aqui estamos, que não abdicamos de ter uma voz nas questões que decidem o nosso futuro.